A shigelose, também conhecida como disenteria bacteriana, é uma forma de intoxicação alimentar com diarréia sanguinolenta, que tem como agente etiológico a bactéria do gênero Shigella.
As Shigella são bactérias gram-negativas, imóveis, anaeróbicas facultativas, pertencentes à família Enterobacteriaceae. Dentre elas, existem diversas espécies que podem causar disenteria, como S. dysenteriae (sintomas mais graves), S. flexneri, S. boydii e S. sonnei (menos grave).
Ao contrário de outros patógenos que habitam o intestino, as Shigella são altamente invasivas. Estas bactérias produzem a Exotoxina ShT1 (no caso da S. dysenteriae, esta produz a Exotoxina Shiga) responsável por destruir ribossomos das células nas quais se hospedam, bloqueando a síntese protéica e matando, assim, a célula.
São fagocitadas pelas células M presentes na mucosa intestinal, invadindo a submucosa, sendo então fagocitadas por macrófagos. Como são resistentes à fagocitose, induzem a apoptose do macrófago. Por conseguinte, produzem proteínas extra-celulares específicas, denominadas invasinas, que lhes possibilitam acoplar e invadir os enterócitos, multiplicando-se neles até destruí-los.
Adquire-se a infecção por meio da ingestão de água contaminada ou alimentos contaminados. Também foi demonstrado que essa bactéria pode ser transmitida por contato pessoal. Sua ocorrência se dá mais comumente em países em desenvolvimento, pois sua transmissão é eficazmente combatida pelas medidas básicas de higiene. Nos países desenvolvidos, é responsável por aproximadamente 7% dos casos de intoxicação alimentares. Infectam apenas os seres humanos, sendo necessárias serem ingeridas apenas algumas centenas para provocarem a doença.
O período de incubação dessa bactéria varia de 12 a 48 horas. Depois de ingerida, a bactéria irá invadir as células intestinais, destruindo-as e, conseqüentemente, levará à perda de capacidade de absorção de água por parte delas, e à hemorragia dos vasos locais, com perda adicional de muco acentuada após a destruição das células caliciformes. O resultado dessa destruição é a diarréia sanguinolenta e mucóide, denominada disenteria. Essa diarréia vem acompanhada de febre, dores intestinais e dor ao evacuar as fezes (tenesmo). Os principais riscos são a extensão da hemorragia e a peritonite, bem como a excessiva desidratação. Outras manifestações clínicas também podem acompanhar o quadro, como náuseas, vômitos, cefaléia, convulsões nas crianças e mialgia.
O diagnóstico é feito com base no quadro clínico e nos achados laboratoriais. Esse último é feito por meio da semeadura das fezes do paciente em meio de cultura, com posterior identificação das colônias, utilizando-se provas bioquímicas e sorológicas.
O tratamento é semelhante para todos os tipos de diarréias, por meio de da administração de líquidos eletrolíticos (ou água com sal e açúcar) para evitar a desidratação. Pode também ser indicado o uso de antibióticos, como penicilina, quinolonas e cefalosporinas.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Disenteria_bacteriana
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1821/shigelose.htm
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia=1013
http://www.pdamed.com.br/doeinfpar/pdamed_0001_0063.php
http://pathmicro.med.sc.edu/fox/enterobact.htm