Angioedema Hereditário

O angiodema pode ser de dois tipos: adquirido (AEA) ou hereditário (AEH).

O angioedema hereditário (AEH) é uma doença de origem genética resultante de deficiente atividade do inibidor da C1 esterase (C1-INH), que é uma molécula natural inibidora de diversas serases plasmáticas.

É definido como uma imunodeficiência primária do sistema complemento, de herança autossômica dominante e expressividade variável. Deste modo, os pais apresentam 50% de probabilidade de transmitir a doença para os seus descendentes.

Foi no ano de 1888 que foi relatado pela primeira vez um caso de AEH descoberto por Osler. Tratava-se de uma mulher de 24 anos de idade que apresentava recorrentes ataques de edema. Quando Osler conversou com a avó dessa mulher, descobriu que 5 gerações sucessivas da família apresentavam histórias de ataques similares. Deste modo, ele propôs uma etiologia hereditária para o processo, passando a chamá-lo de edema angioneurótico hereditário. No ano de 1917, Crowder e Crowder caracterizaram a natureza autossômica dominante do problema.

É uma doença rara e estima-se que 1 em 10 mil a 1 em 50 mil indivíduos, no mundo, apresente essa doença, sem haver preferência por grupos étnicos ou sexo.

Esta doença inicia-se com o aparecimento, em qualquer região do corpo, de edema não-pruriginoso, que não causa dor e não é eritematoso, surgindo especialmente na face e extremidades. Acomete os sistemas respiratório (edema de glote) e gastrointestinal (cólicas abdominais). O resultado do comprometimento da respiração pode ser asfixia e, caso não haja tratamento, pode levar ao óbito. Os quadros de cólica podem ter como gatilho a ansiedade, o estresse, pequenos traumas, cirurgias, tratamentos dentários, gravidez ou menstruação.

Existem três formas distintas de angioedema hereditário, que são:

  • Tipo 1 (defeito quantitativo do C1-INH): forma mais comum, sendo responsável por aproximadamente 85% dos casos, com níveis plasmáticos de C1-INH consideravelmente reduzidos, em cerca de 5-30% do nível normal.
  • Tipo 2 (defeitos funcionais do C1-INH): neste tipo, o C1-INH permanece com níveis séricos normais ou até mesmo elevados, sendo diagnosticado quando há a demonstração de que sua atividade encontra-se 50% abaixo do normal.
  • Tipo 3: C1-INH é normal, mais está relacionado, em um terço dos casos, com deficiência de fator XII.

A diferenciação do AEH para outras formas de edema é feita por meio das seguintes características:

  • Início rápido (minutos a horas);
  • Distribuição assimétrica e em áreas não dependentes;
  • Acometimento dos lábios, laringe e intestino.

O diagnóstico desse tipo de angioedema é conseguido por meio do exame clínico, histórico do paciente e familiar, juntamente com a constatação laboratorial de ausência ou diminuição (menor que 50%) ou de defeito funcional de C1-INH (função menor do que 50%), de diminuição do complemento hemolítico total (CH50) e diminuição da fração de C4 do complemento. É importante frisar que CH50 e C4 encontram-se em níveis normais na ausência de crises.

O tratamento de pacientes com AEH pode ser subdividido em:

  • Tratamento das crises: essencialmente hospitalar.
  • Profilaxia ao longo das crises: podem ser usados fármacos como andrógenos atenuados e agentes antifibrinolíticos, sendo que o primeiro apresenta maior eficácia.
  • Profilaxia a curto prazo das crises.

Por se tratar de uma doença genética, o aconselhamento genético também  é indicado.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Angioedema
http://www.shire.com.br/doencas/angioedema-hereditario
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias.php?noticiaid=6332&assunto=Alergia
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_angioedema_livro_2010.pdf
http://boasaude.uol.com.br/realce/emailorprint.cfm?id=14640&type=lib

Autor: Débora Carvalho Meldau